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- E eu não sei disso, minha filha! Queria eu estar no seu lugar, ia foder com todos eles ao mesmo tempo! – sorriu.
- Você é louca! Tem um lá que você não ia agüentar mesmo! – disse para ela.
- Por que, fede muito? – sorriu.
- Não. Tem um pau do tamanho e grossura de uma mangueira! – exclamei.
- Então é mole! – disse.
- Mole? A mangueira que me refiro minha querida é uma árvore que tem lá no orfanato, grande e grossa. Você não ia agüentar mesmo!
- Você que pensa! – sorriu.
Esse papo ia nos excitando cada vez mais e a chuva nada de parar.
- Pretinha! Me lembrei. Tem uma amiga que mora aqui perto. Vamos dar um pulo até lá? – indagou dizendo ter se lembrado de repente.
- Amiga? – perguntei.
- Sim, amiga. Bem, é mais amiga que amigo. Na verdade, é um travesti. Mas, com certeza você vai se amarrar nela – disse cheia de más intenções.
- Via muitas delas aqui, quando dormia na praça. Do outro lado da rua vivia cheio delas. Pareciam mulheres de verdade! – disse.
- Mas, são mesmo. Só que tem um bingolinho na frente. O resto é tudo igual – sorriu.
- Mas, e a chuva? – perguntei.
- É aqui pertinho. Não dá nem pra se molhar direito – e dizendo isso, saiu me puxando pelo braço em direção à casa da amiga.
Já passava das oito da noite, quando chegamos. Para nossa sorte, Bianca se encontrava. Realmente, era tudo que Blenda tinha me contado: loira, olhos verdes, cabelos longos e lisos naturais, alta, bem afeminada e bastante simpática.
- Oi, querida! Que faz essa hora por aqui? – perguntou o traveco. – Entrem. Vão pegar um resfriado. Espera que já volto – e sem aguardar respostas, virou-se e logo voltou com duas toalhas para nos secarmos. Na verdade, ela estava preocupada mesmo era em proteger seu pequeno apartamento e não deixar que molhássemos seu assoalho. Se é que se podia chamar aquilo de apartamento. – Uhm, que neguinha linda! – elogiou. – Novinha, não? Quantos anos, queridinha? – indagou.
- Onze – respondi.
- E já na putaria, não é mesmo? – disse sorrindo.
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